sábado, 17 de dezembro de 2016

PEDAGOGIA DO AMOR E LIBERDADE

“Só o amor tinha força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral, isto é, encontrar conscientemente, dentro de si, a essência divina que lhe dá liberdade. A criança se desenvolve de dentro para fora e um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa, dando atenção à sua evolução, às suas aptidões e necessidades, de acordo com as diferentes idades. O ensino escolar deveria propiciar o desenvolvimento de cada um em três campos: o da faculdade de conhecer, de desenvolver habilidades manuais e o de desenvolver atitudes e valores morais. Assim se iniciam: cérebro, mãos e coração.”

Johann Heinrich Pestalozzi



Johann Heinrich Pestalozzi nasceu em Zurique, Suíça, em 1746 e morreu em 1827. Para ele, os sentimentos tinham o poder de despertar o processo de aprendizagem autônoma na criança. Pestalozzi afirmava que a função principal do ensino é levar as crianças a desenvolver suas habilidades naturais e inatas.

A escola idealizada por Pestalozzi deveria ser não só uma extensão do lar como inspirar-se no ambiente familiar, para oferecer uma atmosfera de segurança e afeto.

Para ele, só o amor tinha força salvadora, capaz de levar o homem à plena realização moral, isto é, encontrar conscientemente, dentro de si, a essência divina que lhe dá liberdade.

A criança, na visão de Pestalozzi, se desenvolve de dentro para fora e um dos cuidados principais do professor deveria ser respeitar os estágios de desenvolvimento pelos quais a criança passa, dando atenção à sua evolução, às suas aptidões e necessidades, de acordo com as diferentes idades.

Ele costumava comparar o ofício do professor ao do jardineiro, que devia providenciar as melhores condições externas para que as plantas seguissem seu desenvolvimento natural. Ele gostava de lembrar que a semente traz em si o “projeto” da árvore toda.

Desse modo, o aprendizado seria, em grande parte, conduzido pelo próprio aluno, com base na experimentação prática e na vivência intelectual, sensorial e emocional do conhecimento. É a ideia do “aprender fazendo”, amplamente incorporada pelas escolas posteriores a ele. O método deveria partir do conhecido para o novo e do concreto para o abstrato, com ênfase na ação e na percepção dos objetos, mais do que nas palavras. O que importava não era tanto o conteúdo, mas o desenvolvimento das habilidades e dos valores.

Para Pestallozzi, todo homem deveria adquirir autonomia intelectual para poder desenvolver uma atividade produtiva autônoma. O ensino escolar deveria propiciar o desenvolvimento de cada um em três campos: o da faculdade de conhecer, de desenvolver habilidades manuais e o de desenvolver atitudes e valores morais. Assim se iniciam: cérebro, mãos e coração, segundo Pestallozzi.





Fonte do Texto e da Gravura:
Biblioteca Virtual da Antroposofia
http://www.antroposofy.com.br

sábado, 17 de setembro de 2016

A CRÍTICA DE ZYGMUNT BAUMAN À PÓS-MODERNIDADE

Zygmunt Bauman é um dos sociólogos mais aclamados da atualidade. Suas críticas e seus livros rendem milhares de reflexões acerca da condição humana na pós-modernidade. Qual é o ponto essencial disso tudo? Há um ponto essencial? Por que Zygmunt Bauman é tão importante para nossa época?

A importância de Bauman vai além de suas aparições na mídia nos últimos anos. Zygmunt Bauman é autor de diversos livros que tentam interpretar o momento cultural e a estrutura social que vivemos atualmente. Declaradamente um crítico da pós-modernidade, os livros de Bauman ultrapassam as esperanças com o presente e fazem dele um campo de lutas mais invisíveis. Lutas e coerções que acabam parecendo liberdade, que parecem livre-escolha.

Bauman nasceu na Polônia em 1925 e foi professor na Universidade de Varsóvia. Antes disso, havia fugido do nazismo na Segunda Guerra Mundial, quando se mudou para a URSS. Quando voltou para seu país de origem, o autor foi perseguido pelo antissemitismo local, teve artigos censurados, foi expulso de seu cargo e encontrou um novo lar na Universidade de Leeds, na Inglaterra, onde comandou o departamento de sociologia da instituição.

A importância de Bauman está na interpretação da fluidez dos tempos pós-modernos. Bauman é duro neste aspecto, declara-se um sociólogo crítico e recusa o rótulo de “pós-modernista”. Para ele, “pós-modernista” é aquele que reproduz a ideologia do pós-modernismo, que se recusa a qualquer tipo de debate, que relativiza a vida ao máximo e que, dentro dessa super relativização, não consegue estabelecer críticas e nem formar regras para guiar a sociedade. Pós-modernista é aquele que foi construído dentro de uma condição pós-moderna, ele a reproduz e é constituído por ela. É seu arauto, seu representante inconsciente e é este posto que Bauman rejeita e nega fielmente.

A posição do autor é de crítica às relações sociais atuais. Trata-se de começar com uma categorização nova: modernidade líquida e modernidade sólida. Uma que representa o novo mundo, a pós-modernidade, e o outro que define a modernidade, a sociedade industrial, a sociedade da guerra-fria. Não é difícil de conseguir perceber a relação direta entre a “solidez” das relações da guerra-fria, com dois núcleos de produção dos julgamentos corretos (o capitalista, representado pelos EUA e o comunista, representado pela URSS), com duas opção distintas e antagônicas para serem “escolhidas”, ao contrário do pós-guerra fria, após a queda do Muro de Berlim e com a dissolução de qualquer centro de emissão moral, com a primazia do consumo em detrimento de qualquer ética da parcimônia etc. etc.

A sociedade líquida é a sociedade das relações fluidas, das relações frágeis, é a sociedade em que a fixidez de uma amizade em que ambas as partes matariam e morreriam pela outra já não existe mais. Não se trata mais de uma sociedade em que os indivíduos sabem o seu destino desde o nascimento, agora estamos imersos em um espaço social onde - teoricamente - escolhemos nosso futuro, optamos pelo nosso destino, somos responsáveis pelo nosso fracasso. Não é mais necessário ser asiático para ser um legítimo budista, basta comprar os livros certos e assistir às aulas certas. Ninguém é, e sim está.

Em primeiro momento pode-se pensar que a condição pós-moderna é uma condição de liberdade, mas é aí que podemos ver a camisa de força escondida.

O hedonismo pós-moderno, fantasiado de livre-escolha, de “se não gostar do programa, então desligue a televisão”, em que parecemos ser reis de tudo aquilo que chega até nós, é, primeiramente, uma condenação da sociedade. Construímos uma sociedade onde o mal-estar se agravou e se delineou em novas importantes categorias psiquiátricas, como a síndrome do pânico e a depressão. É nesta sociedade onde as pessoas não conseguem desenvolver ferramentas de socialização eficientes o bastante para uma conversa em um bar. É aqui onde começar uma amizade virtual, até mesmo ter um “amor virtual”, se torna algo fácil e plausível. Nós não nos relacionamos, mas nos conectamos, não pela facilidade da conexão, mas pela facilidade da desconexão. Nos conectamos porque a relação não tem mais a mesma consistência, agora é frágil como uma conexão, e quando não temos qualidade, investimos na quantidade. Aqui o mito da sexualidade libertada é contestada pelo autor. Só há uma nova forma de aprisionamento, uma nova delimitação das relações amorosas, uma nova configuração das maneira de amar.

Sob um ponto de vista macro, Bauman revela que o capitalismo atual não tem mais um grande banco de trabalhadores reservas, mas tem dispositivos de armazenamento e de exclusão mais eficientes. As prisões, ao contrário daquilo que foi dito por Foucault, não é mais o lugar da disciplina, mas é o da vigilância e exclusão total. O preso é um sujeito vigiado e armazenado, mas não para ser disciplinado, ele não é mais útil e nem pode ser. É uma vida desperdiçada, é um lixo humano.

Mas não são somente nas prisões que nós encontramos aqueles que precisam ser eliminados: eles também estão nas favelas e nas ruas, são os desempregados crônicos, aqueles que foram expulsos da esfera do trabalho por estarem “desatualizados”, ou que não têm mais para onde ir, pois não podem mais seguir o fluxo de imigração para países de exploração de mão de obra estrangeira. São os mendigos, os loucos, os pobres, os drogados, aqueles que fogem do padrão da sexualidade, são todos os que estão fora da construção da ordem, são os que realizam o contrário, que desfazem a ordem, que dão indícios de que ela pode ser quebrada ou de que ela não é absoluta.

Mas há uma nova forma de exclusão, a forma que advém particularmente da globalização: a exclusão do não-consumidor. Aquele que não consome já não é parte do esforço de construção da ordem, já que a ordem tem lugar cativo para os grandes consumidores, para os gastadores compulsivos e para aqueles que querer “exercer sua liberdade” por meio do consumo de serviços e produtos que demonstrem suas escolhas em todas as esferas da vida. Os que não consomem não podem ficar no espaço social.

Um exemplo pode ser visto na própria arquitetura das cidades. Para Bauman, as cidades são projetadas para serem o antro da diversidade, mas, ao mesmo tempo, um dispositivo de exclusão eficiente: os ferros pontiagudos que são colocados em frente aos prédios de grandes corporações são um exemplo de tática de exclusão, evitando que mendigos fiquem nestes lugares.

O não-consumidor é o novo estranho, o ambivalente, aquele que não pode ser localizado em nosso mapa cognitivo, que, na verdade, atrapalha seu funcionamento, que mostra suas condições errantes, sua incapacidade de abarcar o todo. Esses estranhos são absorvidos e “domesticados”, ou completamente eliminados. O novo racismo não é o da caça e da morte do estranho, mas é o da separação e da “culturalização” da essência.

Agora não se trata de uma essência biológica, mas de uma essência cultural. Os novos racistas imputam uma cultura fixa a cada grupo específico e promovem a separação total destas, as hierarquizam de maneira que o branco “tem a cultura superior”. Bauman diz que a tática de absorver e domesticar não é menos autoritária que a prática dos regimes totalitários de morte e exclusão. Para ele, a destruição daquilo que é a identidade do sujeito é um movimento autoritário e forçoso de eliminação do sujeito. Como não se pode mais matar, então é necessário ter ambientes certos para a absorvê-lo e reeducá-lo, como a escola, a igreja, ou as prisões e as favelas. É necessário normatizar o estranho.

Em nossa época, o medo se espalha como uma malha infinita. Os meios de comunicação tem um papel privilegiado, pois transmitem os objetos do medo de forma mais rápida e brusca que o próprio objeto poderia se transmitir, vide a Al-Qaeda após o 11 de setembro. É na televisão onde os programas telejornalísticos banalizam os medos e, ao mesmo tempo, fazem vibrar o alarme da “violência local” e da “violência global”.

O controle dos medos também é um assunto em pauta. Bauman diz que uma das formas de exercer o poder eficientemente é controlando as incertezas. O grupo que controla as incertezas, que detém o controle da decisão e que, por sua vez, prevê todos os movimento sem ser previsto por nenhum outro grupo, este grupo consegue, também, decidir em quais momentos a sociedade deve ter medo (como nos Estados de Sítio eternos) e quando deve ficar calma e pacífica, como nas tentativas neoliberais de acalmar a tensão entre os miseráveis garantindo que poderão ascender na hierarquia social, desde que trabalhem o bastante para isso.

Basicamente, Bauman diz que a sociedade atual não garante a manutenção do sujeito em sua posição social, não garante seu sustento e também não garante sua integridade física. Vivemos em uma sociedade onde ontem estávamos no topo na hierarquia, mas hoje estamos de volta à base; onde ontem tínhamos empregos, mas hoje podemos não ter mais (e é normal não ficarmos no mesmo); e onde as tecnologias de proteção individual e vigilância aumentam em disparada.

A importância de Bauman e de outros intelectuais que renovaram a crítica à contemporaneidade é de poder entender de maneira nova e atualizada a dinâmica da sociedade atual. Bauman trata de temas mais ou menos globais e coletivos, que se expressam também na vida individual. Não se trata só de falar sobre as “relações frágeis”, mas de entender que elas não são assim “do nada”, de repente, mas que são fruto de uma época, de um dado momento histórico.

Ninguém está fora desta fragilidade. Não é uma questão de escolha ou de autopoliciamento. Bauman diz isso bem ao fazer a distinção entre segurança e proteção. Para Bauman, segurança é aquilo que constitui o sujeito, a segurança (e a insegurança) são inscritas no sujeito em toda sua socialização. É algo que forma o sujeito. Isso significa que a segurança tem a ver com algo que nós não escolhemos, mas que é a base para nós escolhermos outras coisas. Somos inseguros quando checamos o celular de nossos parceiros para saber se estão nos traindo. Já a proteção tem a ver com aquilo que você compra ou acumula para guardar a integridade física. Proteção são câmaras, coletes à prova de balas, bunkers etc. etc.

O autor deixa claro que não se resolve problemas globais com soluções locais. Isso também pode ser entendido como um aviso de que não se resolve a insegurança individualmente, mas sim, coletivamente e globalmente. A futilidade, o consumismo e a incerteza são constitutivos e devem ser combatidos sabendo que eles fazem parte de nós, não tentando nos afastar deles, em busca de uma salvação individual.




Vinícius Siqueira






Fonte do Texto e da Gravura: OBVIOUS
www.obviousmag.org

sexta-feira, 16 de setembro de 2016

TEMPOS LÍQUIDOS E AMOR LÍQUIDO COM ZYGMUNT BAUMAN

Uma reflexão acerca dos tempos e dos amores líquidos de nossa época

Um dos maiores críticos da sociedade contemporânea, o filósofo Zigmunt Bauman, discute em suas obras Tempos líquidos e Amor Líquido a fragilidade das relações humanas, que se tornam cada vez mais fracos e vulneráveis, em parte por causa de um mundo que se torna mais virtual do que real, afetando os conceitos de família e comunidade.

Em Amor Líquido, o filósofo analisa as relações amorosas dentro do que ele chama de “modernidade liquida”, ou seja, tempos em que nada dura, nada permanece, tudo muda muito frequentemente, como as relações que não duram, não permanecem como antigamente. Isso se dá a vários fatores, e, segundo o filósofo, um dos principais fatores para a mudança das relações entre os homens é a era da informação e da internet que trouxe uma espécie de interação superficial entre as pessoas, na qual o virtual passou a ser mais importante - por ser mais confortável do que a realidade - do que o real.

Bauman fala sobre a dificuldade atual de termos uma comunicação afetiva, num mundo onde tudo é feito às pressas, onde tudo volta-se para o consumismo, onde tudo é passageiro, a necessidade de solidificar relações está suspensa. Não há tempo para isso, relações são complicadas, e a atualidade mostra que podemos ser superficiais com elas, um passo a mais à perigosa zona de conforto que nos protege do real. As relações são difíceis e por isso mantemo-nos distante delas. E, por causa desta superficialidade, as reais relações, as sólidas, estão cada vez mais raras. Como acontece com um cristal que à primeira queda se quebra, assim são as nossas relações, fracas. Uma vez que passamos por alguma diversidade dentro da relação, ela simplesmente se quebra, se desfaz. Não há força para recuperação, é mais fácil assim.

Para Bauman, as pessoas acostumaram a resolver os problemas simplesmente cortando os vínculos. Não há mais nada com o que se preocupar quando simplesmente nos desconectamos de alguém. É assim que funciona com as relações nas redes sociais. Trouxemos essa função para a vida real. Conectar e desconectar tornou-se a nova forma de relação. Estamos conectados até o momento em que algo falha, daí o caminho mais fácil é desvincular totalmente. O filósofo chama de relações instáveis, realidade instável, amor e afeto instáveis. Não há responsabilidade em relação ao outro. Esta é a banalidade dos tempos e dos amores sem nenhuma solidez.

A obra Tempos Líquidos segue o mesmo raciocínio, mas agora o filósofo reflete conosco acerca da insegurança do ser humano, seja ela dentro das relações pessoais, seja ela na vida profissional ou dentro de nossa própria espiritualidade. Para Bauman, a insegurança de ser quem se é acusa um fenômeno contemporâneo e universal, que cresceu com o advento das grandes metrópoles e da globalização. Um mundo que consome todo o nosso tempo em busca do tentador sucesso faz com que olhemos para nós mesmos como quem corre para alcançar algo que não é instável. Para o autor, somos competidores numa arena global de indivíduos que se chocam violentamente, seja por causa de um objetivo em comum, seja por causa de conceitos diferentes. O filósofo fala sobre os conceitos globais e locais, e estamos perdidos no meio deles. Na obra, o autor afirma que o homem se perde na resposta adequada ao mundo. Nós poderíamos mudar muitas coisas se voltássemos nossas habilidades e preocupações para o lugar onde vivemos, fazendo, deste modo, assuntos de escalas globais serem resolvidos primeiramente numa escala local, abrindo caminhos e fortalecendo ideias e ações para inspirar uma mudança numa escala maior. Mas não temos força, porque pensamos apenas do lado de fora. E pensamos do lado de lá porque temos que correr, competir, ganhar. O indivíduo substituiu o grupo, a comunidade. Essa colisão faz com que a comunidade se evapore em meio à sociedade, e, de novo, temos o conceito de estado líquido das coisas.

Mas Bauman é um otimista, e inspira-se nos utopistas. Para ele, sem as utopias de outras épocas, os homens ainda viveriam em cavernas, miseráveis e nus. Cabe ao homem não adequar-se ou entregar-se ao mundo. Mas formar uma utopia em que se possa enxergar um futuro.




Rejane Borges






Fonte do Texto e da Gravura: OBVIOUS 
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NADA É FEITO PARA DURAR

O chove não molha do amor líquido

A vida contemporânea é caracterizada pela extrema fluidez das relações humanas, de tal modo que não existe tempo para construir laços afetivos. Sendo assim, o amor tornou-se líquido e, por conseguinte, fugaz. Afinal, como diz Zygmunt Bauman: “Vivemos tempos líquidos, nada é feito para durar”.

Chegamos a um momento em que não sabemos o que somos. Sabemos que não somos modernos, pois a razão não é tão poderosa quanto outrora, mas também, ainda não sabemos em que estágio estamos. Assim, a contemporaneidade é chamada de pós-moderna, ou como prefere o sociólogo Polonês Zygmunt Bauman – Modernidade Líquida.

Nesse universo, tudo é fluído e muda com extrema rapidez, não há espaço para coisas sólidas, já que em tempos líquidos, tudo que é sólido desmancha no ar. Dessa maneira, o amor também assume uma nova face diante de todas essas mudanças, assumindo uma forma líquida.

Como dito, o mundo pós-moderno é marcado pela extrema fluidez e velocidade que as relações possuem, de tal modo que a facilidade em desconectar é o principal elemento das relações. Uma relação que nos prende e finca raízes e que, por conseguinte, não permite desconectar com tanta facilidade é um fardo que o homem contemporâneo parece não querer carregar.

Assim, como se estivessem numa grande feira, os indivíduos compram, trocam e vendem relacionamentos. Tudo isso graças à facilidade de desconectar. Acreditam que com as suas inúmeras experiências, tornam-se experts no amor. Entretanto, o que adquirem é apenas a

“Habilidade de terminar rapidamente e começar do início.”

Ou seja, os muitos relacionamentos não significam necessariamente mais amor. A rapidez com que se troca de parceiros e se descarta os relacionamentos não permite conhecer o outro a ponto se relacionar verdadeiramente. Em verdade essa fluidez chega a ser um contrassenso a ideia de relacionamento, uma vez que relacionar-se significa levar consigo, e portar alguém está fora do cardápio pós-moderno.

“É tentador afirmar que o efeito dessa aparente aquisição de habilidades tende a ser, como no caso de Don Giovanni, o desaparecimento do amor – uma exercitada incapacidade para amar.”

Estamos presos ao nosso próprio eu, o que se tornou ainda mais viável com o desenvolvimento dos aparelhos tecnológicos e a internet. Não queremos nos dar o trabalho de investir numa relação, tudo é uma questão de custo-benefício. Os relacionamentos transformaram-se em meras mercadorias, de forma que o que se busca é sempre lucrar com o produto final.

Não há tempo para a semeadura, a qual além de levar tempo é desgastante. Queremos tão somente usufruir do produto acabado, e quando este já não nos serve, trocamos por outro, afinal, essa é a lógica do mercado, e o amor nesse contexto, também se encontra na vitrine.

“E assim é numa cultura consumista como a nossa que favorece o produto pronto para o uso imediato, o prazer passageiro, a satisfação instantânea, resultados que não exijam esforços prolongados, receitas testadas, garantias de seguro total e devolução de dinheiro.”

Os relacionamentos, assim, são vistos como investimentos comerciais. Não há tempo a perder, é preciso estar atento ao mercado, pois, quando este acenar com possibilidades melhores, tenho que estar pronto para me desfazer dos relacionamentos que possuo e usufruir de outros melhores.

“Para o parceiro, você é a ação a ser vendida ou o prejuízo a ser eliminado – e ninguém consulta as ações antes de devolvê-las ao mercado, nem os prejuízos antes de cortá-los.”

O amor líquido é a transformação dos homens em mercadorias, é a solidão de uma sociedade individualista que busca relacionar-se, mas sem se envolver, como se as pessoas fossem descartáveis. A insegurança impede que raízes sejam fincadas, que o produto acabado transforme-se em produto construído, que alguém esteja dentro de mim. No máximo o que são permitidos são os “relacionamentos de bolso”, os quais você guarda no bolso de modo a poder lançar mãos deles quando for preciso.

Amar significa perder tempo, ter dor de cabeça, estar pronto a arriscar, pois nada é um produto acabado, mas antes uma construção perene. É impossível saber se está certo ou errado, pois ainda não se chegou ao fim do caminho. E amar é investir na semeadura, mesmo antes de saber se os frutos nascerão. É preciso esforçar-se numa relação, estar pronto em alguns momentos a abdicar do seu eu, colocar-se no lugar do outro, o que em:

“Uma cultura na qual são raras essas qualidades, atingir a capacidade de amar será sempre, necessariamente, uma rara conquista.”

Vivemos numa sociedade hedonista, em que tudo que retarda a satisfação é visto de forma inadequada, e o amor, o qual precisa de tempo, encontra-se nessa inadequação. Dessa forma, os relacionamentos de bolso escondem a insegurança e o medo das pessoas se envolverem, assim como a incapacidade de saírem da zona de conforto e perder tempo com algo. Queremos um amor que nos satisfaça e que por algum momento nos afaste a solidão, mas não queremos ter o trabalho de nem por um momento ter um peso que nos impeça de flutuar, afinal,

“Vivemos em tempos líquidos. Nada é para durar.”

O amor é feito pelos amantes a todo o momento, é um ato criativo que apenas no envolvimento dos amantes é capaz de se manifestar. É apenas para os corajosos, que não têm medo de se arriscar e que sabem que há mágicas que apenas o inesperado possui. Assim,

“Não é ansiado por coisas prontas, completas e concluídas que o amor encontra o seu significado, mas o estímulo a participar da gênese dessas coisas. O amor é afim à transcendência; não é senão outro nome para o impulso criativo e como tal carregado de riscos, pois o fim de uma criação nunca é certo.”




Erick Morais





Fonte do Texto e da Gravura: OBVIOUS 
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sábado, 13 de agosto de 2016

COOPERAÇÃO - UM SADIO IDEALISMO

Desde tempos imemoriais, à cooperação o homem deve sua sobrevivência. Foi vivendo em comunidade que o homem conseguiu, no processo social da evolução, encarar a cooperação como meio de realizar seus propósitos de trabalho, convivência e relações humanas.

A cooperação consiste em trabalhar e viver em comum nos diversos níveis da atividade social. Por meio da cooperação os seres e os grupos humanos elevam-se de um plano de desenvolvimento social ao seguinte, mais rico e mais estimulante.

A cooperação é um “modus vivendi”; é uma filosofia de vida; constitui-se num grupo de princípios ou bases destinados à orientação não só dos indivíduos como de toda a sociedade humana. A cooperação é de tão grande alcance quanto o bem-estar da humanidade.

A cooperação é mais do que trabalhar em conjunto, é mais do que viver em sociedade, é lutar em prol de uma meta, de uma causa, tão inclusivas como o é a humanidade. A cooperação é uma causa capaz de absorver a consciência e subordinar-lhe à atuação ao bem comum. A cooperação é uma causa capaz de levar um homem a orientar as suas atividades ao serviço de terceiros e em prol do mais amplo bem humano.

E. R. Bowen lança mão de alguns slogans que se poderiam considerar como os objetivos de maior importância da educação cooperativa, tais como o objetivo de esclarecer o público com respeito ao movimento cooperativo, o de animar o pensamento com relação ao cooperativismo, o de “criar a propensão do consumidor” e o de “desenvolver o espírito de cooperação”.

Na Suécia o movimento cooperativo visa à “educação de homens e mulheres no sentido mais lato da palavra”, isto é, a educação dos indivíduos para que se sintam “espiritualmente vivos e impelidos por sadio idealismo”.

O significado primitivo do vocábulo cooperação é “trabalhar junto”. Há a suposição oculta de que as pessoas que cooperam estão trabalhando juntas de boa-fé, não se tendo reunido para se aproveitarem de quem quer que seja.




Emory S. Bogardus






Fonte: do livro “Princípios de Cooperação”
Ed. Lidador, Rio de Janeiro-RJ
Fonte da Gravura: http://www.allwidewallpapers.com

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

"NEM TODO POLÍTICO É IGUAL" - COMO O POVO BRASILEIRO É PERPETUAMENTE IDIOTA

“Nem todo político é igual”, “há exceções”, “tem gente boa no meio” e com desculpas deste tipo, sempre apelando à mística exceção, os brasileiros são perpetuamente feitos de idiotas pelas pessoas envolvidas na política brasileira. No Brasil inteiro não há sequer uma pessoa envolvida com a vida política que seja um ente político espiritualmente nato e que tenha ligação com a herança espiritual da política conforme esta se manifestou na Grécia Antiga e na Roma Antiga. Todas as pessoas envolvidas com a política no Brasil são espíritos baixos que se aproveitam da política apenas para satisfazer seus interesses pessoais. Na política brasileira o “bem” e o “mal”, o “bom” e o “mau” e o “certo” e o “errado” são meramente questões de interesses pessoais e um político ou partido político acabam sendo “o bem”, “o bom” e “o certo” meramente porque são aquilo que uma pessoa quer ver ganhar ou porque representam oposição ao político ou ao partido que uma pessoa quer ver perder. Todas as pessoas envolvidas com a política no Brasil só estão envolvidas na política para satisfazer seus interesses pessoais, não os interesses do povo. Políticos e partidos brigam apenas pelo poder e o poder é a única coisa que lhes importa.

Mesmo os políticos e os partidos que são tidos como “o bem”, “o bom” e “o certo” estão envolvidos na política apenas para satisfazer seus interesses pessoais, mesmo que tais interesses não tenham necessariamente ligação alguma com dinheiro ou poder. Quando um político ou partido buscam o poder para fazer valer “o que acreditam”, mesmo que “o que acreditam” seja algo tido como “o bem”, “bom” e “certo”, estes estão buscando poder para satisfazer seus interesses pessoais de impor sua ideologia ao povo. Não importa o quão “do bem”, “bons” ou “certos” pareçam um político e um partido, as pessoas envolvidas na política não estão na política para impor sua ideologia ao povo, por mais “do bem”, “boa” ou “certa” que seja tal ideologia. Política não é o instrumento para alguém impor sua ideologia ao povo; a política é o instrumento por onde alguém, eleito pelo povo para representá-lo, representará o povo que o elegeu e nisto coisa alguma importará a opinião pessoal ou do partido do eleito. O político deve fazer o que o povo quer naquilo que é melhor para o povo. Qualquer outra coisa além disto é deturpação da política. O povo é o chefe supremo e imediato dos políticos, não o contrário, como ocorre no Brasil.

No Brasil os políticos do Partido dos Trabalhadores (PT) querem impor ao povo brasileiro a ideologia do PT, os políticos e partidos de Esquerda querem impor ao povo brasileiro a ideologia de Esquerda, os políticos e partidos de oposição ao PT querem impor ao povo brasileiro a ideologia de oposição ao PT e de seu partido, os políticos liberais querem impor aos brasileiros a ideologia do liberalismo, os políticos da chamada “direita” querem impor ao povo brasileiro a sua ideologia chamada de “direita” e tudo se resume a políticos e partidos querendo votos para ganhar eleições para assim poder impor ao povo brasileiro as suas ideologias e opiniões pessoais. As pessoas envolvidas com a política no Brasil não se envolvem com a política para depois fazer ao povo brasileiro aquilo que o povo quer naquilo que é melhor para o povo, se envolvem com a política para ter ferramentas para impor ao povo o que bem quiserem. O povo brasileiro, como sempre, é feito de idiota pelos políticos brasileiros, os quais usam o povo brasileiro para alcançar o poder. O que os políticos querem no Brasil é poder, mesmo os políticos que são honestos e não se corrompem apenas querem o poder para impor suas ideologias e opiniões pessoais ao povo.

Assim, todos os políticos brasileiros são iguais na medida em que apenas buscam o poder para impor suas ideologias e opiniões pessoais ao povo brasileiro e não há sequer um político no Brasil inteiro que busque ser eleito para fazer ao povo aquilo que o povo quer naquilo que é melhor para o povo. Eleições no Brasil servem apenas para escolher quais políticos terão os instrumentos para impor suas ideologias e opiniões pessoais ao povo. O povo brasileiro, como uma nação, não tem voz após as eleições e fica jogado às traças na mera condição de expectador assistindo aos políticos e partidos eleitos fazerem o que bem quiserem. A deturpação da democracia criou a ilusão de que os candidatos eleitos são os “representantes do povo” de forma que sendo impossível ouvir a todos os cidadãos ouve-se os seus representantes, mas não é isto o que de fato ocorre. Os políticos eleitos passam a fazer o que bem entendem, sem de fato ouvir o povo e o povo fica sempre assistindo as imposições dos políticos e esperando novas eleições na esperança de que algo possa mudar no futuro em razão de uma troca de políticos e partidos. O povo brasileiro é sempre usado e jogado fora pelos políticos e partidos.

O verdadeiro político é meramente um representante do povo, não um salvador do povo. Não existe sequer uma pessoa inspirada, quanto mais iluminada, na política do Brasil, mas todos os políticos e partidos se apresentam como entes iluminados detentores de toda a Sabedoria Cósmica que buscam o poder para fazer com que o povo brasileiro viva no caminho da Luz Maior. O verdadeiro político não decide pelo povo, mas faz valer a vontade do povo naquilo que o povo quer naquilo que é melhor para o povo. Impor ideais e princípios é tirania e nenhum cidadão merece viver sob qualquer regime tirano.  A função do político não é impor ideais e princípios, mas todo político e partido no Brasil busca isto. Os políticos e partidos após vencerem as eleições, e desta forma garantidos seus cargos, não ouvem o povo e para eles o povo não tem valor algum. Após as eleições os políticos eleitos passam a viver em seu próprio mundo de disputa por poder, poder que lhes dá e dará meios para impor seus ideais e princípios, mas a política não existe para isto. A política existe para que o povo possa constantemente manifestar sua vontade e isso não ocorre no Brasil. No Brasil os políticos e partidos não existem para o povo, o povo existe para os políticos e partidos.

Não importa a ideologia do político e do partido que vencem as eleições, importa a vontade do povo e a vontade do povo brasileiro não é respeitada de forma alguma por político ou partido algum. O político, independentemente de sua ideologia, deve fazer valer a vontade do povo naquilo que é bom para o povo e nisto o político voltado à Esquerda deve se manifestar pelo viés de Direita quando isto representar a vontade do povo naquilo que é bom para o povo assim como o político voltado à Direita deve se manifestar pelo viés de Esquerda quando isto representar a vontade do povo naquilo que é bom para o povo. Não importa a ideologia do político, importa a vontade do povo naquilo que é bom para o povo. No Brasil a vontade do povo jamais foi respeitada pelos políticos e partidos brasileiros e o povo brasileiro não faz questão alguma de mudar coisa alguma em relação a isto haja vista que já se tornou marionete nas mãos dos políticos brasileiros na medida em que sucessivamente elegem um bando de políticos para substituir outro bando de políticos. O povo brasileiro foi completamente alienado para achar que existem políticos inimigos do povo que devem ser combatidos através de votos em outros políticos “amigos do povo”.

Existe um paradoxo demoníaco na política brasileira e o povo brasileiro o sustenta. Um bando de políticos conquista o poder para ser a salvação dos problemas criados por outro bando de políticos que conquistara o poder para também ser a salvação dos problemas criados por outro bando de políticos que também conquistara o poder para ser a salvação dos problemas criados por outro bando de políticos e assim sucessivamente. O PT surgiu como “salvação” dos problemas criados pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) e logo depois o PSDB surgiu como “salvação” dos problemas criados pelo PT. Assim sucessivamente o povo brasileiro é usado como mero instrumento para dar poder para os políticos brasileiros. Não há político ou partido algum que realmente exerça a política como deve exercer – do povo, pelo povo e para o povo -, mas políticos e partidos sempre recebem poder do povo brasileiro que procura por salvação dos problemas criados pelos políticos e partidos que exercem o poder quando o exercem. O Brasil piora cada vez mais, o povo brasileiro sofre cada vez mais e os políticos brasileiros continuam fazendo o povo brasileiro de idiota com a ladainha de que “nem todo político é igual”.

A classe política do Brasil é a pior do mundo e a forma que esta encontra para se manter no poder é a conversa de que “nem todo político é igual”, discurso este que faz com que ela continue existindo e recebendo o poder que emana do povo brasileiro. A conversa de que “nem todo político é igual” põe termo a qualquer esperança que se possa ter de um futuro melhor para o Brasil, pois quando o povo brasileiro aceita que “nem todo político é igual”, o povo brasileiro continua elegendo políticos da classe política brasileira e a classe política brasileira é o grande inimigo do Brasil. 

Independentemente do espectro político, seja de Esquerda, Direita, baixo, cima, fora, dentro ou o que for, todas as pessoas que se envolvem com a política no Brasil são políticos brasileiros, os políticos brasileiros fazem política no Brasil e a política no Brasil é o esquecimento do povo brasileiro e a imposição de coisas ao povo brasileiro. A política brasileira é imunda e quem se insere nessa imundície, seja de qual partido ou ideologia política for, quer fazer e faz parte de tal imundície. “Nem todo político é igual” é a salvação de toda a classe política brasileira, é o discurso que um político faz e salva toda a classe política.

No Brasil os políticos de Esquerda não se preocupam se há uma política de Direita que pode ser melhor para o povo, os políticos de Direita não se preocupam se há uma política de Esquerda que pode ser melhor para o povo, os liberais não se preocupam se há uma política de Esquerda que pode ser melhor para o povo e político algum se preocupa em fazer realmente o melhor para o povo. Os políticos de Esquerda querem impor as ideologias de Esquerda, os políticos de Direita querem impor as ideologias de Direita, os liberais querem impor o liberalismo, os comunistas querem impor o comunismo e todo político quer impor algo ao povo brasileiro. A grande vantagem dos políticos brasileiros é que o povo brasileiro engoliu facilmente o esquema de votar em um para tirar o outro e assimilou como gado a brincadeira de guerra política e de querer “vencer” o “inimigo” político através das eleições. O povo brasileiro engoliu facilmente a artimanha da classe política que lhe fez ver determinados políticos e partidos como “inimigos” e que consequentemente lhe fez ver outros determinados políticos e partidos como “a cura” contra aqueles e é desta forma que a classe política se perpetua no poder: quando o povo elege uns em seu movimento contra outros.

A política brasileira é imunda e quem se envolve nela faz parte dela na forma como ela é. O Brasil só mudará quando o povo brasileiro que não está envolvido na imundície que é a política brasileira compreender que não existe “Direita Vs Esquerda”, “Liberais Vs Esquerda”, “Comunismo Vs Capitalismo”, “PT Vs PSDB” e qualquer combate entre políticos, partidos e ideologias políticas, mas que o único conflito que existe é a classe política brasileira contra o povo brasileiro. Enquanto o povo continuar engolindo a ladainha de que “nem todo político é igual” a classe política brasileira se perpetuará no poder e no comando do Brasil. O povo brasileiro é perpetuamente feito de idiota pelos políticos brasileiros ao acreditar que são os políticos brasileiros que lhe salvarão dos problemas criados pelos próprios partidos políticos brasileiros. Não existem “políticos bons” ou “partidos bons”, todos estes fazem parte da classe política brasileira e a classe política brasileira é a grande inimiga do Brasil. “Nem todo político é igual” faz com que ao final os políticos sempre vençam, pois sempre políticos serão eleitos. Enquanto o Brasil tiver esperança na sua classe política não haverá esperança para o Brasil. Todos os políticos brasileiros são políticos brasileiros.




Rudy Rafael





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