sexta-feira, 16 de maio de 2014

ISAAC ABRAVANEL (1437 - 1508)

Don Isaac Abravanel foi um dos maiores estadistas judeus e desempenhou um papel importante na história europeia. Ao mesmo tempo, não foi apenas um judeu leal e estritamente religioso, mas um notável erudito, comentarista bíblico e filósofo. Foi o último de uma longa linhagem de grandes líderes e heróis judeus da Idade de Ouro na Espanha.

Isaac nasceu numa família rica e instruída em Portugal. Seu pai, Judah, era tesoureiro de Estado de Portugal, e grande favorito do Rei Alfonso V. Isaac recebeu uma completa educação judaica, e demonstrou interesse por idiomas e filosofia. Mais tarde sucedeu ao pai no serviço ao rei.

Em sua grandeza, Isaac jamais se esqueceu de seus irmãos humildes. Usava sua grande fortuna para apoiar os necessitados. Assim, quando Alfonso capturou a cidade de Arzilla no Marrocos, e Isaac viu que havia duzentos e cinquenta judeus entre os prisioneiros, designou doze representantes para angariar fundos e resgatá-los, e ele próprio foi um grande doador.

Quando foram libertados, Isaac os sustentou com seus próprios meios durante cerca de dois anos, até que aprendessem o idioma do país e pudessem ganhar o próprio sustento. Abravanel também usou sua grande influência para melhorar a situação dos seus irmãos em outros países.

Quando Alfonso V morreu, e João II o sucedeu no trono de Portugal, a sorte de Abravanel mudou. Em 5243, o Rei João II deu início a uma política que visava a livrar-se dos nobres, especialmente os ministros de Estado que tinham servido ao seu pai. Abravanel soube a tempo que o rei mandara decapitar os funcionários mais graduados, e que ele estava na lista dos que teriam o mesmo destino. Estava a caminho para responder ao chamado do rei, mas quando soube aquilo que o aguardava, Abravanel fugiu para Toledo, na Espanha, onde sua família vivera em outros tempos. Acompanhado pela esposa e dois filhos, Abravanel chegou a Toledo quase sem dinheiro, pois o ingrato rei tinha confiscado toda sua fortuna.

Abravanel conseguiu um emprego numa empresa bancária judaica e ficou contente por sobrar-lhe tempo para estudar e cuidar da sua obra literária. Continuou seus comentários sobre a Torá que fora forçado a interromper devido à pressão dos assuntos de Estado. Escreveu comentários sobre Yehoshua, Shofetim e Shemuel, mas quando começou os comentários sobre o Livro dos Reis, o Rei da Espanha convocou-o para tomar conta do tesouro de Estado. Fernando e Isabel de Espanha sabiam que não conseguiriam encontrar um gênio financeiro mais capacitado que ele, e no mesmo ano em que o famoso Torquemada se tornou chefe da Inquisição na Espanha, Abravanel se tornava oficialmente tesoureiro dos reis (dois anos antes da expulsão dos judeus da Espanha).

Quando foi divulgado o terrível decreto da expulsão de todos os judeus da Espanha, exceto aqueles que desistissem de sua fé, Abravanel tentou evitar a catástrofe. Implorou aos reis que reconsiderassem aquela cruel decisão e ofereceu uma grande soma para o tesouro real. O rei e a rainha não lhe deram ouvidos e rejeitaram suas ofertas de dinheiro.

Em 9 de Av de 5252 (1492), Abravanel e sua família se puseram em marcha com o restante de seus correligionários. Ele abriu mão de seu cargo importante e juntou-se aos seus irmãos no exílio e sofrimento. Os refugiados finalmente chegaram a Nápoles, na Itália. Quando Fernando soube que os judeus tinham encontrado um porto seguro em Nápoles, pediu ao Rei de Nápoles (também Fernando) que não desse permissão aos refugiados de permanecer em seu país. O jovem Rei de Nápoles, porém, ignorou os protestos e exigências dos cruéis governantes da Espanha. Além disso, convidou Abravanel ao palácio real e o nomeou seu conselheiro.

Abravanel serviu a ele e ao seu filho Alfonso II, quando este subiu ao trono em 1494. Infelizmente, Nápoles foi capturada pelo Rei Carlos da França no ano seguinte, e o Rei Alfonso fugiu para a Sicília. Abravanel acompanhou Sua Majestade ao exílio e continuou a servi-lo fielmente, com devoção paternal, até que o rei exilado morreu. Então Abravanel partiu para a Ilha de Corfu, no Mediterrâneo.

Tendo perdido toda a sua fortuna para os conquistadores franceses, Abravanel passou por pobreza e provações. Mudou-se para Monopoli no Norte da África e, 8 anos depois, finalmente estabeleceu-se em Veneza. Não demorou muito e os governantes de Veneza convidaram-no para o Conselho de Estado, e Abravanel tornou-se um dos estadistas mais importantes da República Veneziana. Abravanel faleceu em Veneza em 5629, aos 71 anos, profundamente pranteado pelos cidadãos judeus e não-judeus do local. Os governantes de Veneza compareceram ao seu funeral, e foi enterrado em Pádua.





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Fonte do Texto e da Gravura:
PT.CHABAD.ORG - Revista Semanal
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segunda-feira, 12 de maio de 2014

POVOADO ESPANHOL "MATAJUDEUS" QUER MUDAR SEU NOME (CASTRILLO MATAJUDÍOS)

“Castrillo Matajudíos” é um pequeno vilarejo na comunidade autônoma espanhola de Castela e Leão, no noroeste do país, que ficou famosa mundialmente por seu nome politicamente incorreto. Seus 56 habitantes agora decidiram votar se mantêm o polêmico nome ou se o trocam por algo menos agressivo. 

Dois nomes estão sendo debatidos: Castrillo Mota de Judíos ou Castrillo Motajudíos, que significa “colina de judeus”. O prefeito Lorenzo Rodríguez Pérez revelou que o vilarejo recebe várias cartas exigindo que o nome da localidade seja alterado. “O nome pode ser considerado uma ofensa por muitos. Os moradores preferem dizer que são de Castrillo, para evitar polêmicas”. 

Não se sabe ao certo como esse título surgiu. O historiador Rodrigo de Sáez explica: “O termo original era Mota Judíos mas, entre os historiadores, não existe consenso se a mudança para Matajudíos foi provocada por um conflito real com os judeus ou se foi uma deformação provocada pelo antissemitismo que reinava na Espanha nos tempos da Inquisição, durante os séculos XV e XVI”. 

A primeira referência encontrada em registros ao termo “Matajudíos” é de 1627. O prefeito diz que seus ancestrais no vilarejo são inocentes das acusações de terem matado judeus. “Foram os de Castrojeriz, um povoado perto daqui, que em 1035 acabou com os judeus, matando algo como 60 judeus e realocando os demais para uma colina próxima a Castrillo”. De acordo com esta versão, foi nesta época que se começou a chamar o novo povoado de Castrillo Mota de Judíos, em referência à colina, que fica no caminho dos peregrinos de Santiago de Compostela.




Fonte do Texto e da Gravura: 
Informativo "ALEF News/Israel e o mundo judaico"
Ano 19 - Edição 1.899 - 12 de maio de 2014
Direção: Mauro Wainstock e Tania W. Benchimol
http://www.alefnews.com.br/